Nos últimos 18 meses tenho estudado arduamente como transformar o processo tradicional de entregas em um processo diferente. E, obviamente, quando digo diferente, quero, na verdade, dizer melhor. Sou um dos co-fundadores da Comprovei, uma startup que atua na área de tecnologia aplicada a processos logísticos e que tem como slogan:
Realize entregas incríveis!
Desenvolvemos uma plataforma baseada em nuvem. Um aplicativo para smartphones e tablets que registra as ocorrências de entregas e outros para smartphones, tablets e desktops que permitem visualizar as entregas em tempo real.
Apesar de estar louco para fazer isso, não entrarei nos detalhes da nossa solução neste artigo. Essa grata tarefa deixarei para meus companheiros das áreas comercial e tecnológica detalharem em artigos futuros.
Nas discussões que temos com nossos clientes, prospects, investidores e amigos, percebo que, na maioria dos casos, existe uma preocupação com um dos personagens chave dentro do processo de entrega: O motorista ou o entregador, que tem a função de alimentar a nossa plataforma com as ocorrências de entrega.
Recebo essa preocupação na forma de questionamentos, os quais dividi em 3 grupos:
“O motorista não vai conseguir utilizar esse aplicativo. Ele mal sabe utilizar um celular…”
“Vocês não conhecem os motoristas que trabalham para nós…”
Escuto frequentemente estas frases nas minhas reuniões e apresentações aos clientes. Hoje, tenho absoluta tranquilidade em afirmar que elas não são verídicas.
Acompanhei a grande maioria das implementações da nossa solução nos clientes, além de inúmeras provas de conceito (ou testes piloto) nos atuais clientes e prospects da Comprovei. Isso me fez acompanhar as entregas in loco. Já acompanhei entregas de geladeiras, medicamentos, produtos de higiene e limpeza, alimentos, vestuário e até tijolos! Tudo isso para entender e desenhar uma solução de tecnologia que tenha uma boa aceitação e fácil usabilidade pelos motoristas.
Você não vai estranhar ao me ouvir dizer que é surpreendente a facilidade com que os motoristas se adaptam ao aplicativo. Isso porque a grande maioria já utiliza um smartphone com algum outro aplicativo. O nosso seria mais um!
Nos treinamentos aos motoristas é mais comum ouvirmos sugestões para melhor usabilidade do sistema do que dúvidas quanto a sua utilização. A mágica? Aplicativos simples e semelhantes aos que a maioria dos usuários utiliza no dia a dia.
“Não vai funcionar porque os motoristas não vão colaborar…”
“O motorista não gosta de ser monitorado, ele vai sabotar o sistema…”
Você acha que os motoristas e entregadores que trabalham para você são todos irresponsáveis, mal preparados e desmotivados? Se sua resposta for afirmativa, é melhor repensar sua logística de entregas, contratar uma nova transportadora e não alardear aos seus clientes que sua empresa é confiável ou mesmo séria. Aproveito, também, para convidá-lo a parar de ler este artigo, pois ele não serve para você. Não perca seu tempo.
Continua lendo? Ótimo! Vamos explorar melhor este assunto. Em todas as entregas que acompanhei pessoalmente, a principal reclamação que ouvi dos motoristas é a forma com que são tratados pelas transportadoras, embarcadores e pelos clientes.
Informações das entregas, como endereço e horários de entregas errados, enormes filas de espera nos clientes e outros inúmeros problemas, fazem com que a produtividade caia e algumas entregas não sejam cumpridas no prazo combinado. “A culpa é sempre nossa”, dizem os motoristas.
Eles ficam aliviados ao conhecerem uma aplicação em que poderão registrar erros nas informações das entregas, tempo que ficam na fila de um cliente, possibilidade de acionar o SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente), locais inseguros e até classificar um cliente. “Agora sim alguém vai entender nossas necessidades!”. Se convencermos os motoristas que esse é o objetivo do sistema, garanto que teremos um grande aliado e não um inimigo.
“Não posso caracterizar um vínculo empregatício obrigando um terceiro a utilizar uma ferramenta da minha empresa.”
Este ponto que envolve a legislação realmente é um grande desafio. Você já reparou que, muitas vezes, o veículo e o motorista que fazem uma entrega são totalmente descaracterizados? O veículo não tem identificação nenhuma e o motorista não utiliza nenhum tipo de uniforme, ou mesmo um crachá, que o identifique como sendo da empresa onde você fez a compra ou da transportadora contratada por ela?
Isso pode ser explicado pelo processo da terceirização: O embarcador, que é a empresa onde você fez o pedido, e que é o real responsável em garantir que você receba seus produtos dentro das condições contratadas, terceiriza a entrega para uma transportadora que, por sua vez, também subcontrata um agregado (motorista autônomo com um veículo de sua propriedade) para fazer sua entrega. O receio de ações trabalhistas age contra a qualidade de entrega. Isso dificulta até mesmo que esses motoristas utilizem um sistema em nome do embarcador ou da transportadora para apontar as ocorrências.
A Comprovei resolveu a parte da utilização do sistema através do conceito de propriedade, mas e o resto? Você, como cliente, não gostaria de receber seu pedido embarcado em um veículo e através de um motorista que refletisse exatamente a imagem da empresa onde você fez seu pedido?
Pense nisso…