Navegando recentemente no portal www.brasil.gov.br, me deparei com um artigo que me chamou muito a atenção. Datado de 28/01/2011, tem como título: “ANTT registra quase 500 mil transportadores de carga no País”¹. Nele, são apresentados diversos números extraídos do RNTRC, Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Carga, que retratam o tamanho desse segmento no país. Veja uma tabela com o resumo do que foi apresentado.
Me veio, então, a curiosidade de saber como estão estes mesmos números hoje, em julho de 2016, praticamente 5 anos e meio depois deste primeiro levantamento. Fazendo uma consulta ao site da ANTT² em 14/07/2016 me deparei com os seguintes números:
Impressionante, não? Em meia década, o número total de transportadores registrados aumentou em 68,5%. Entretanto, se olharmos só para empresas (desconsiderando registros de autônomos e cooperativas) este aumento é de incríveis 119,9%. Ou seja:
Em 5 anos o número de empresas transportadoras mais do que dobrou no país!
O crescimento da frota também impressiona. No número total, o crescimento foi de 48,5%, mas, se olharmos só para o crescimento da frota das empresas transportadoras, o crescimento foi de 59,1%.
Estes números indicam que o setor está indo bem e é imune à crise? Muito pelo contrário. Nos últimos anos, os empresários do ramo logístico investiram fortemente e ampliaram muito a oferta de serviços de transporte no país, mas foram pegos na contramão pela desaceleração econômica. Segundo o IBGE, em 2015, o setor de serviços no Brasil teve uma retração de 3,6%, a maior queda da história desde que o índice foi criado. Os serviços de transporte contribuíram muito para este resultado, tendo apresentado uma retração de 6,1%. E, agora, o mais alarmante: se olharmos somente neste ramo de serviços, a queda dos transportes terrestres caiu em assustadores 10,4%.
Conduzir um negócio na área de logística e transporte no Brasil, definitivamente, não é trabalho para qualquer um. Os desafios são múltiplos: riscos trabalhistas para aqueles que contratam serviços de transporte na modalidade “agregado”, altos e baixos de nossa economia, infraestrutura precária, preços de combustíveis, custos de manutenção, impostos, etc… Agora, como sobreviver dentro deste ambiente hostil? Como navegar para além deste mar revolto no qual nos encontramos? A resposta tem muitas faces.
Vemos muitas empresas que somente atuam na redução de custos. Será que é suficiente? Devemos entender que houve uma saturação da oferta de serviços de transporte.
Sem diferenciais no atendimento, a área comercial destas empresas entrará cada vez mais em leilões por preço. As margens caem, a empresa passa a não conseguir investir e seu nível de competitividade sofre. Para a criação de diferenciais competitivos, um dos agentes mais poderosos é a tecnologia.
Hoje, por exemplo, ela permite oferecer a todos da cadeia logística uma visualização em tempo real de tudo o que está acontecendo. Permite, também, melhorar a comunicação entre cliente final, transportador e embarcador. E, agora, o mais fascinante: sistemas de inteligência artificial estão sendo usados para prever e alertar problemas operacionais assim que os menores sinais aparecem.
Enfim, os desafios são muitos e toda esta fase de crise irá promover uma seleção natural das empresas e pessoas mais aptas, mais eficientes e que investem com mais sabedoria. As empresas que se prepararem serão as que ganharão mais dinheiro quando o país retomar fortemente seu crescimento.
Aquelas que não se prepararem, ficarão como meras expectadoras.
Link 2: http://appweb2.antt.gov.br/rntrc_numeros/rntrc_emnumeros.asp